Livro
Mariposa – asas que mudaram a direção do
vento traz uma história que se passa em vários pontos da capital
Uma
cidade símbolo da arquitetura exuberante e repleta de monumentos políticos e
históricos, Brasília não poderia deixar de marcar presença na literatura. No
romance “Mariposa – asas que mudaram a direção do vento”, escrito por Patrícia
Baikal, a capital é retratada em detalhes, desde o cotidiano dos candangos até
a rica vida política. Mas com um detalhe: a trama se passa em 2020.
O
livro é narrado em primeira pessoa por um jovem senador fictício, Nicolas Vaz, o
qual não se intimida diante de seus colegas corruptos e é perseguido após fazer
denúncias contra alguns deles. Mariposa é a mulher que conduz Nicolas num
cenário político instável, desvendando esquemas de corrupção no Congresso
Nacional, com a colaboração da Polícia Federal, Agência de Inteligência e até
da Presidência da República. Mascarada como os heróis de Histórias em Quadrinhos,
ela aparece e reaparece em lugares visados de Brasília (Monumento JK, torre de
TV digital, Senado Federal entre outros).
Após atravessarmos as principais vias da cidade, vimos, à esquerda,
o nascer do sol. No alto, a estátua de Juscelino Kubitschek
o cumprimentava, dando as boas-vindas à cidade que ele criara. Algumas
garças se aproximavam do solo e faziam pose para serem fotografadas,
outras beliscavam o chão à procura de espaço e comida.
Os
personagens não são nada comuns. Além do senador Nicolas e de Mariposa, Glória
de Almeida tem papel marcante, já que é a presidente do Brasil em 2020. Alguns
se perguntarão: é possível compararmos Glória à Dilma Rousseff, a atual
presidente? A autora afirma que não, explicando que são duas mulheres muito
distintas. No romance, tem lugar também para Fausto Kandosky, um Procurador da
República astuto e misterioso.
O
livro cria heróis e esperança num momento de profunda reflexão sobre a política
brasileira. Não é de hoje que heróis são criados em momentos como esse. O Capitão
América, célebre personagem americano, surgiu no auge da crise de 1929,
enquanto que o “Homem de ferro” foi criado em meados da Guerra Fria. Mariposa e
Nicolas não são diferentes. Resta ler esta trama nacional para desvendar outras
conexões da ficção com a história e a realidade atual.
Veja abaixo alguns trechos do livro:
O plenário aos poucos se esvaziava, bem como a ala da imprensa.
Nesses momentos, eu tentava me focar nas centenas de placas
de metal penduradas que enfeitavam o teto. Elas reluziam e tilintavam
umas nas outras, refletindo as cores do salão. Os bancos, as
colunas, os painéis de Athos Bulcão, tudo idealizado para presenciar
os discursos e as argumentações."
Como uma árvore sideral, iluminada no ponto mais alto da
cidade, estava a torre digital — uma bela escultura a mais de cem
metros do solo, com duas cúpulas de vidro, uma de cada lado.
Em meados de março, a chuva se tornava a protagonista de Brasília,
caindo diariamente no fim da tarde, aliviando os baixos
níveis de umidade. A temperatura mudava bruscamente entre a manhã
e a noite, e os extensos gramados se tornavam mais verdes.
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