Livro
Mariposa – asas que mudaram a direção do
vento traz uma história repleta de reflexões sobre os desejos femininos e o
papel da mulher na atualidade
A
ficção é um espaço para o imaginário construir e desconstruir estereótipos, criar
heróis, viver aventuras insólitas e experimentar o prazer. Existe um lugar
melhor para a mulher exercer a sua liberdade? Se muitas mulheres ainda
encontram restrições para se expressarem na vida real, nos livros elas tentam
se libertar de quaisquer amarras. Ao fazerem literatura, as escritoras não
estariam dizendo o que querem?
Uma
análise histórica revela que os homens ocuparam o maior espaço da literatura
mundial, construindo inúmeros personagens sob a perspectiva masculina. Por
outro lado, não se pode negar que algumas escritoras conseguiram louvável
reconhecimento na literatura, como Virgínia Woolf na Inglaterra, Simone de
Beauvoir na França e Clarice Lispector no Brasil. Mas o sucesso não foi fácil
para estas mulheres, pois elas ousaram escrever sobre uma sociedade que
marginalizava a mulher, criando personagens contestadoras.
É
neste ponto que surge uma pergunta: o que se pode dizer sobre as personagens
criadas pelas próprias mulheres? Podem ser consideradas um reflexo do desejo
feminino ou da imagem feminina de seu tempo?
No
livro “Mariposa – asas que mudaram a direção do vento”, Patrícia Baikal traz
uma heroína forte, independente e apaixonante. Mascarada como os heróis de HQ,
ela conduz e protege Nicolas Vaz, um jovem senador que luta contra a corrupção.
Se estávamos acostumados a ver heróis salvando mocinhas, neste livro o leitor
verá justamente o contrário!
Para
Lélia Almeida, mestre em literatura, “Mariposa, a mulher amada, o princípio
feminino protetor que cuida de Nicolas Vaz é também o símbolo da transmutação e
da mudança.” O título do livro não foi escolhido à toa. Mariposa é a metáfora
da mulher do século XXI, a qual valoriza a liberdade, a sua identidade e também
os seus valores. Não seria um retrato da figura feminina atual?
Além disso, Patrícia Baikal toma a voz do
personagem fictício Nicolas Vaz para narrar, em primeira pessoa, a sua
história: uma perspectiva feminina da visão masculina:
Era
surpreendente como os lados tão diversos dela podiam se complementar tão
perfeitamente, de forma que ela não seria tão encantadora se não fosse tão
nociva. Sua face era o que mais me fascinava, porque não saber sua identidade
me fazia pensar em quem seria ela, o que estaria fazendo naquela manhã, se
teria amigos ou alguém a esperando ansioso como eu, e com tanta avidez.
O romance, que se passa num
Brasil futurista de 2020, revela também a importância da presença feminina no
universo político, ainda pouco conquistado pelas mulheres. Neste livro, os
leitores não terão dúvida de que a ficção pode responder sim a esta pergunta: o
que querem as mulheres?
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